Sala de Alessa

Masako e Kotaro estavam sem saber o que fazer, até que o vampiro sentiria uma mão em seu ombro. Para sua surpresa, ele veria um homem médio na casa dos trinta. Ele ostentava um par de sapatos, um terno preto, uma camisa branca desabotoada, uma gravata azul afrouxada, e por fim um sobre-tudo bege. Sua aparência exterior irradiava uma calma natural e serenidade. - Temos que ir, Lúcifer está prestes a nascer. - Ele diria num tom calmo, e ao som de asas batendo, Masako e Kotaro surgiriam junto com aquele homem num estúdio de dança, onde estavam Melena, Sam, Dean e Allen. Masako saberia apenas quem era Dean, caído e sendo acudido por uma corva gigante e um rapaz alto de cabelos longos. Além de um rapaz albino com uma capa branca e uma garra negra. A mulher demônio de antes também estava lá, empunhando a Primeira Espada, que antes estava com Dean. - Você! - Exclamou a mulher olhando para Kotaro. - Parece que eu vou acabar com você pela terceira vez... - Kotaro então estralaria os punhos. - Cass?! - Exclamaria Sam surpreso. - Sim, sou eu, Castiel. Eu voltei, graças a Deus. - Responderia Castiel, o homem de sobre-tudo, afastando-se de Masako e andando na direção de Dean e Melena. - Lúcifer nascerá em breve, devemos nos apressar. - Insistiria Castiel, e subitamente a mulher demônio desapareceria, deixando uma espécie de fissura dimensional avermelhada no seu lugar. Aos poucos a sala mudaria, para uma espécie de celeiro, este que Masako reconheceria das filmagens de Jean. Era o local onde Alessa foi estuprada, porém haviam símbolos satânicos escritos por todo o local, além de alguns símbolos que eram encontrados em culturas pagãs de toda a Europa. Tanto Melena quanto Masako saberiam que os sigilos tratavam-se de símbolos evocativos de energias negativas, e outros relacionados a renascimentos. - Como um Anjo do Senhor é meu dever ajudar a deter Lúcifer! - Exclamou Castiel e sombras de suas asas surgiriam nas paredes do celeiro.

- Sim. - Respondeu Castiel a Masako, de forma neutra e com aquela voz rouca e mansa. - Loki tinha dito que você estava morto... Mas, Lúcifer? Não era Samael? - Indagaria Sam, acenando positivamente para Melena e pegando seu irmão em seus braços. - Lúcifer é o título, Samael é o seu nome. - Explicaria Castiel, à medida que Masako chegaria ao amontoado de feno manchado com sangue do hímen de Alessa, e lá encontraria algo enterrado lá, o que parecia uma perna de Metabee. - Usso... (Mentira...) - Murmuraria Kotaro, desfazendo sua transformação e andando aturdido na direção do feno. - Metabee!! - Exclamaria o rapaz de jaqueta preta desenterrando a carcaça desativada e cheia de arranhões e queimadura do seu companheiro robótico. - What is it... Miss Melena eu consigo ver uma alma... Dentro daquele robô... - Avisaria o rapaz albino, para logo a seguir olhar para Masako e Castiel. - Meu nome é Allen Walker, prazer em conhecê-los, eu sou um Exorcista. - Se apresentaria ele, brevemente caminhando na direção onde Kotaro e Masako estavam, quase que no centro do celeiro. - Metabee, Okiru!! Shikkari Shiro!! (Metabe, levante-se!! Aguente firme!!) - Exclamaria Kotaro aos prantos, sacudindo o robô desligado em seus braços, enquanto que Castiel andava até uma das paredes do celeiro e esticava sua mão direita e fechava os olhos. - A criança... Ela vive... O corpo físico dela ainda vive... Deve ter por volta dos vinte anos agora... A energia aqui é fraca, a maior parte foi consumida na concepção de Lúcifer... - Informaria o anjo, então abrindo os olhos. - Ela está viva sim... Mas a alma dela vaga pela cidade livremente enquanto seu corpo definhado sobrevive graças a máquinas e medicamentos... Se quisermos enfraquecer o controle de Arohongui, devemos encontrar o repouso de Alessa... - Seria então que de um canto escuro, viria Nissa mancando, apoiada em seu cajado, ferida e suja de sangue. - Metabee esteve com Alessa, foi assim que a Poetiza lidou com ele... - Diria Kotaro ainda chorando e agora abraçando firme Metabee. Masako retalharia um dos símbolos, mas não aconteceria nada de imediato, a não ser uma pequena faísca na fenda, e esta pareceria abrir-se um pouco mais, quase imperceptivelmente. - Existe uma conexão entre a alma do robô e o sangue no feno... - Diria Allen. - E há energia ligando a fenda infernal e os símbolos... - Acrescentaria Castiel. - E se nos dividirmos? Alguns vão até onde Lúcifer está tentando voltar, e outros vão até Alessa? - Iria propor Sam, e nisso Allen e Castiel concordariam afirmativamente com a cabeça. - Eu tenho que deter Lúcifer... - Diria o anjo. - Eu quero salvar a alma dela... - Por sua vez falaria Allen.

- Sim... Se bem que hoje em dia eu faço muito mais do que enfrentar demônios... - Comentou Allen sorrindo brevemente. - Lúcifer não pode nascer, ele vai tentar tomar como receptáculo uma casca humana, somente assim um anjo, caído ou não, pode vir ao mundo físico. - Explicaria Castiel na sequência. - Entendo o ceticismo, Melena. A luta exigiu muito, porém descobri muita coisa com o hábito de falar exacerbadamente do Escultor. - Nissa então rumaria para onde Melena havia indicado, e lá sentaria-se com certa dificuldade, gemendo de dor. - Onegaishimasu... (Por favor...) - Kotaro andaria também até a cruz desenhada e pousaria Metabee com cuidado, deixando-o deitado ali, enquanto Melena o analisava. - Lúcifer não vai usar a criança... Eu sou a casca ideal dele... Ele deve ter antecipado tudo, eu e Dean aqui... As lutas, tudo... - Falaria Sam com certo pesar na voz. - Eu estou ciente disso, essa foi a razão de Deus ter me trazido de volta, garantir que Lúcifer não pegue você, e que a Primeira Espada seja destruída... - Informaria Castiel colocando sua mão na direção de Nissa, curando seus ferimentos completamente num instante em um brilho branco, e além disso a mulata veria as mesmas energias respectivas de antes em Metabee e Nissa, porém tanto a energia quanto a vitalidade de Metabee estavam quase que completamente depreciadas (1 de HP e SP). - Eu posso ajudar a verem a alma que tem dentro do robô, é um homem de seus cinquenta anos, grisalho, com roupas de cientista, e ele parece triste... - Diria Allen e nisso Kotaro arregalaria os olhos, e a Corax notaria que a tecnologia usada no robô era superior a tudo que já havia visto, era como se alguém tivesse unido metalurgia e magia de tal forma, que todos os componentes cibernéticos pareciam ter vida, ou algum tipo de energia vital, apesar de parecerem artificiais, inclusive ela notaria que alguns dos danos nele estavam semi cicatrizados, como se de alguma forma o robô tivesse tentado se regenerar, tal qual um ser vivo. - Eu posso usar a Arca para tentar encontrar Alessa, porém preciso de uma lembrança dela ou do lugar em que pode estar... Mas antes... - Allen explicava seu método, até que seu olho esquerdo mostraria uma espécie de lente com uma engrenagem, e subitamente todos poderiam ver um senhor asiático de pé ao lado de Metabee, ligado a ele por um cordão azul luminescente, ligando o coração de ambos. - Oto-san?! - Kotaro arregalaria novamente os olhos, estes agora com ainda mais lágrimas.

- Kotaro... - Diria o homem com uma voz tremida e com seus olhos também lacrimejando. - Aquela puta te trouxe também?! - Exclamaria Kotaro. - Quando eu projetei Metabee... Eu queria dar a ele a você, queria que fosse seu... E quando a Diretoria da Atlas decidiu começar os experimentos com os Usuários de Aura... - Começou o pai de Kotaro a explicar e nisso o rapaz foi bruscamente na direção dele de punhos cerrados. - Eu soube que iam atrás de você... Era a forma que o Fundador tinha de me colocar na parede... Mas eu fiz tudo o que pude, sabotei a sua cápsula de contenção, e preparei o Metabee para que fugissem juntos... - Explicou mais o cientista, e nisso Kotaro caiu de joelhos no chão, com mais lágrimas caindo de seu rosto. - Metabee... Ele foi projetado de forma única... Os nanomechs dele foram programados para simular uma fusão das minhas sinapses com a de sua mãe... - E com a fala seguinte do homem, Kotaro levantou a cabeça olhando-o surpreso.

- Metabee é como seu irmão mais novo de certa forma... Quando sua mãe faleceu eu não estive presente, deixei minha dor me manter afastado de você... Mas quando eu tive que escolher entre a minha vida e a sua liberdade, eu não pensei duas vezes... A Deusa deste lugar tentou me usar sim, porém de alguma forma, como Metabee já estava interferindo com as ilusões, eu consegui me conectar a ele... Metabee se tornou um usuário de aura, ele se tornou o seu Primeiro Súdito, Kotaro... A aura dele, mais as sinapses, foram o suficiente para me permitir entrar... Eu sempre fui um homem de ciência, nunca de fé, porém de tenho que ter fé em algo, é em você... - Quanto mais o pai falava, mais o filho chorava, emudecido. - Porém a força dessa entidade é tamanha... E eu provavelmente estarei me sacrificando... Metabee encontrou Alessa, ele sabe onde ela está... Minha jovem, se puder reanima-lo, não tenho agradecimentos o suficientes para tamanha gratidão... - E então ainda falando com Kotaro, o pai falaria por fim com Melena, fazendo uma reverência a ela, abaixando totalmente sua cabeça. - Não... Eu não vou te perder de novo, não agora... Não depois de saber que você me salvou também! - Disse Kotaro se levantando e atravessando o espírito, tentando abraça-lo em vão. - Kotaro, você é forte, espirituoso... Tem um longo caminho até ser um líder, mas tem potencial infinito... Eu sempre estarei aqui, no seu coração, e nos circuitos de Metabee... Ganbatte... - Assim que proferiu suas palavras finais, sorrindo e chorando, o pai de Kotaro de desintegraria, em partículas de fogo. E todos poderia ver como se uma garra tivesse atravessado seu coração. - As definições de vírus foram atualizadas! - Diria Metabee acendendo seus olhos e começando a mover-se, sentando no chão. - Que que eu perdi? Acho que reiniciei por causa das pancadas... - Diria o robô, alheio a tudo, e Kotaro simplesmente o abraçaria. - Nada demais, temos umas bundas de fadas pra chutar... Mas dessa vez você vai comigo, vai que você buga o Avast de novo... - Kotaro diria sorrindo e secando as lágrimas, levantando a seguir e dando a mão para ajudar seu parceiro a levantar. - Finalmente! Eu estava cansado de vagar sem companhia, gosto de bater papo. - Afirmou o robô alegremente.

Devido ao poder de Masako todos veriam-se em um fogaréu, onde um ritual acontecia, Alessa, uma menina de seus dez anos, recebeu inumeráveis ​​queimaduras de terceiro e quarto graus em seu corpo, o que deveria colocá-la em estado terminal, mas sobreviveu devido a embrião de Samael em seu ventre. O ritual realizado por Dahlia, sua mãe e líder do Culto, foi mantido em segredo e os moradores de Silent Hill assumiram que a casa de Gillespie e parte da cidade, foram incendiadas devido a uma caldeira antiquada, que foi popularizada por um artigo de jornal. Um corpo substituto também foi deixado em cena por Michael Kaufmann, diretor do hospital. Possuindo o corpo de um zelador do colégio da garota, o próprio Samael teria sido o estuprador da menina, vidando criar se sua própria semente, um corpo a habitar. Para o público, Alessa foi dada como morta no incêndio. Apenas Dahlia, Kaufmann, alguns membros da Ordem e uma jovem enfermeira que trabalhava no hospital sabiam que Alessa ainda estava viva. Depois do incêndio, Alessa foi transportada para o Hospital Alchemilla e escondida dentro de uma sala no porão do hospital por Dahlia e pelo diretor do hospital. Kaufmann ordenou que a equipe do hospital não entrasse no porão, enquanto uma jovem enfermeira, Lisa Garland, cuidava de Alessa.

Ela sofria de febre alta e mal respirava e sofria de dor e sofrimento excruciantes; Alessa queria morrer por causa do quanto a dor a machucou. Seu corpo coberto de feridas de queimaduras estava sempre escorrendo sangue e pus e não se curava, exigindo bandagens frequentes. Lisa não sabia o que estava mantendo a garota viva. Com o passar dos meses e anos, a pele chamuscada de Alessa começou a se curar e se recuperar, mas ela ainda tinha queimaduras e cicatrizes permanentes. Embora Samael estivesse dentro do ventre de Alessa, ela foi incapaz de gera-la adequadamente. Todos os dias estavam deixando Alessa louca de dor e sofrimento agonizante, pois Lúcifer estava também corroendo-a por dentro. O Diabo estava prosperando e nutrido pelo sofrimento, ódio, medo e terror de Alessa. Alessa sofreu um destino "pior que a morte", descrito como estando preso em um pesadelo sem fim, do qual ela nunca acordou. Alessa desejou morrer e acabar com o sofrimento; no entanto, o pesadelo continuou por sete anos. Com a idade de dezoito anos, Alessa estava agora pronta para gerar o filho de Lúcifer, e também, sua casca. Todos veriam-se então dentro do quarto de hospital de Alessa, no dito porão do hospital. - Kill Me... - Murmuraria a jovem de seus dezoito anos, enfaixada e amarrada com arame farpado a uma maca suja e fétida. - Isso foi... - Murmuraria Sam aturdido. - Me desculpem... Vocês não vão querer ver a alma dela... É... Difícil até pra mim olhar, e eu já vi tanta coisa... - Completaria Allen. - Devemos ser rápidos, Lúcifer cresce mais forte a cada segundo. - Castiel então tiraria uma espada curta e prateada do braço direito de seu sobretudo e andaria na direção da maca. - Amigo anjo, essa menina precisa de ajuda, não de uma espada... - Diria Nissa. - Depois de tudo que aconteceu com ela, não sei como ajudar. - Falaria Kotaro. - Gente é só levar ela pro médico, quer dizer, um de verdade, tipo a Pentex, ou o Samu, né? Eu estava falando com ela, antes do treco que tem na barriga dela ficar puto e me atacar, ela é gente boa, só precisa de amigos. - Seria então que Metabee agora curado graças a Melena, empurrava Castiel para chegar antes dele na maca. - Metabee... Eu estou cansada... - Murmuraria Alessa com voz de choro, mas sem lágrima alguma, pois suas glândulas lacrimais foram destruídas pelo fogo.

- Eu não quero que a moça malvada ganhe... - Murmurou Alessa com uma voz fraca e de tom fragilizado. - Ela não vai... - Kotaro se aproximaria colocando sua mão sobre a de Alessa com cuidado. - Não vamos deixar, confia na gente, é todo mundo gente boa. - Completaria Metabee, também colocando a mão sobre a dela, como Kotaro. - E como faremos isso? - Indagaria Sam, e não muito depois Melena começaria a se preparar e os olhos de Alessa se arregalariam brevemente, e os arames farpados ficariam inquietos como se tivessem vida. - Eu... Acredito em você, moça ave, e em você moço pálido... Eu vou tentar aguentar a dor... - Dizia Alessa, ainda tristonha, mas forçando um sorriso e aos poucos seus olhos ficariam negros e ela adormeceria, tomada pela ilusão de Ximeerra. - Melhor a segurarmos, todos juntos. - Afirmaria Castiel guardando a arma. - Melena, daremos o suporte que precisa, tenhamos cuidado. - Afirmaria Nissa e com isso ela e Allen segurariam Alessa com raízes de plantas e bandagens brancas, mantendo-a firme para que o aborto seguisse. - Vamos. - Kotaro e Metabee por suas vez também segurariam os braços dela, enquanto Sam e Castiel iam para as pernas. Deixando Masako livre para ajudar como achasse melhor. A cura de Melena fora superficial, ela de alguma forma era incapaz de curar os tecidos, como se o embrião de Samael estivesse bloqueando tal magia curativa, o que exigia sua remoção. Usando suas maestrias e habilidades, a Corax moldaria o metal, e o purificaria. Formando uma ferramenta para o processo que teria início. - O que vão fazer com a minha menina?! - Exclamaria uma voz ambígua, estranhamente metálica, rude e suave ao mesmo tempo, como que se as duas faces de Arohongui falassem juntas. Seguida a oração, Melena iniciaria o ato derradeiro, um aborto do mais abrupto e sanguinário de certa forma. O "clássico" aborto do cabide, como alguns popularmente chamavam, durante todo o tempo o corpo de Alessa tremia e se debatia, exigindo a força dos que a seguravam. O arame guiado pelas mãos de Melena atravessava a carne forçadamente e seria como se o feto de alguma maneira lutasse contra isso, tal qual se o instrumento ficasse preso no colo do útero que parecia rígido tal qual concreto. Não havia instrumento médico de fato, nem aparelhos, muito menos meios de saber se estava dando certo, entretanto como que guiada pela Mãe Oxum, a metamorfa prosseguiu, com uma certeza baseada na pura fé, de que o que estava fazendo estava certo. A moça ainda estava anestesiada misticamente, entretanto, todo o quarto, a maca e os arames tremiam e se debatiam, como que convulsionando em revolta, até de depois de tensos minutos, o arame parecia finalmente perfurar o útero através da cavidade abdominal, e chegava ao feto. Um grito de quatro vozes ecoaria, duas sendo da Deusa, uma de Alessa e a quarta masculina e grave. Um grito ensurdecedor e ecoante, tão alto que os sensitivos teriam de parar tudo o que faziam para tapar os ouvidos. Os tremores do quartos e intensificariam tal qual um terremoto, e da barriga de Alessa jorrava sangue negro e ela se debatia descontroladamente, livre do que a segurava. O longo grito sobrenatural perduraria por quase trinta segundos, até cessar, com a morte de Alessa e o murchar total de sua barriga. - Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! - Repetiam as vozes de Arohongui desesperadas. - O que fizeram com o Pai?! - Os tremores entretanto não paravam e parecia que o quarto ameaçava desmoronar em cima daquelas que ali jaziam.