Contos de Horror

Masako veria de relance o grande confronto, enquanto corria na direção para onde havia visto Misaki. Conforme se apressava, veria de longe as silhuetas daqueles que a perseguiam, pareciam mulheres, porém as seis mexiam-se estranhamente, como se mancassem, porém acelerando numa velocidade que fazia seus movimentos desnaturais, como que se um humano sequer andasse daquela maneira, acabaria quebrando suas pernas. - Saiam de perto de mim!! Eu não fiz nada pra vocês!! Éramos amigas!! O que aconteceu com vocês?! - Exclamaria Misaki desesperada se esforçando tanto para correr que começava a se transformar em raposa, formando uma cauda avermelhada e duas orelhas de animal acima da cabeça. Aproximando-se finalmente numa distância que permitiria vê-las de perto, as perseguidoras vestiam roupas de enfermeiras, blusas decotadas com os primeiros botões desfeitos para exibir os seios volumosos. Suas cabeças se reviravam, além de não terem rosto, e elas se contraiam e convulsavam violentamente, como se estivessem prestes a ter um colapso. Elas portavam facas e se aproximavam ameaçadoramente de Misaki, esta que finalmente via Masako, com seus olhos arregalados e cheios de lágrimas. - Masako Tasukete!!

Masako avançou com uma velocidade absurda, tal qual movia-se feito um borrão por entre as enfermeiras, retalhando-as e fazendo-as espirrar sangue por todas as direções. Entretanto, isso não as desencorajou, rapidamente elas avançaram an direção dele, que com grande facilidade esquivou-se delas uma for uma, conseguindo por fim ficar de frente para todas, enquanto ficava entre elas e Misaki. - Bem vindo... Masako-san... - Seria então que o rosto de uma das enfermeiras se transformaria no de Amiri, porém com veias enegrecidas pelo mesmo.

Não demoraria para as outras enfermeiras restantes também mudarem seus rostos, tornando-se cópias das garotas que Masako conhecera na piscina do hotel de Saori, porém estas eram diferentes, seus rostos mudavam constantemente, entre todas as faces das sete garotas que ele conheceu lá, se contorcendo em diversas expressões faciais que misturavam, excitação, raiva e medo.

- Estou com medo... Não me deixe sozinha... - Murmuraria Misaki amedrontada, encolhendo-se atrás dele, até que as enfermeiras avançaram, primeiro Amiri e Himiko. Com facilidade Masako esquivou-se delas, já retaliando-as com uma sequência absurdamente rápida de dez ataques, sendo destes cinco em cada uma, todos cortes em diagonais, abrindo diversos talhos em seus corpos. - Eu sou uma menina tão boazinha, por que Masako-san faz isso comigo? - Diria Amiri chorosa e se tremendo toda, como que tendo um ataque epilético enquanto recuava brevemente. - Irmãozão malvado, não protegeu Himiko antes e agora machuca ela... - Diria Himiko se tremendo enquanto os ossos de todo o seu corpo estalavam quase como se estivessem se quebrando, conforme ela também dava alguns passos para trás. - Masako!! - Exclamaria Misaki na mesma hora que Alice e Saori vinham rindo alto com vozes metálicas, esfaqueando-o no abdômen. - Preferia cortar fora seu brinquedo para guarda numa caixa, mas podemos chegar lá... - Ria Alice de forma insana. - Eu não vou dividir você com ninguém... Prefiro que morra por mim... - Diria Saori num tom frio e desdenhoso. - Não esquecemos de você... Princesa... - Seria então que as últimas duas viriam para cima de Misaki, aquelas de rosto que mudavam constantemente, a esfaqueando repetidas vezes na barriga. Masako veria as duas enfermeiras montando em sua ex namorada, esfaqueando-a impiedosamente com ambas as mãos, de maneira que o som da faca penetrando na carne de Misaki e os gritos desesperados dela tomariam o ambiente de assalto. Porém quando tudo parecia horrível, pioraria mais, os ossos de Misaki começariam a estalar, suas roupas a rasgar, e ela tomaria a forma de uma enorme raposa negra com vestes vermelhas, estranhamente deformada com patas e pescoço compridos, além de uma face que lembrava uma máscara Oni, porém de boca escancarada. Num ato de brutalidade, a Misaki transformada começaria a atacar suas agressoras, despedaçando-as com suas garras e as devorando. - Masako-kun... Aishiteru... kisu shite hoshii... - Diria a raposa monstruosa limpando sua boca sangrenta e começando a rastejar em sua direção, falando com uma voz metálica, similar à das enfermeiras.

- Você só quer fugir da sua culpa!! Mas você vai pagar por ter nos deixado!! - Assim que Masako disse aquilo, Alice respondeu aos berros, dando um grito demoníaco ensurdecedor, desaparecendo como se estivesse queimando e virando cinzas. - A dor da alma é a do corpo Masako... Você teme a sua querida mestra... Teme que aquele homem ainda viva dentro dela... - Seria então Saori quem desapareceria em chamas e cinzas, porém seria com uma gargalhada escancarada. - Você não pode escapar dos seus demônios, Masako... - Diriam as enfermeiras restantes, desaparecendo assim como as anteriores. - Você sequer imagina quem ela realmente é... Sua visão dela é a verdadeira ilusão... - Por fim seria aquela Misaki supostamente falta quem gritaria de forma monstruosa, com seu corpo todo ardendo em chamas, porém ao invés de virar cinzas, ela ficou em carne viva, tomando uma forma sangrenta, antes de desaparecer numa explosão de sangue e chamas. Masako se veria na frente de um colégio, o Midwich Elementary School, e na frente dele uma garotinha de cabelos curtos negros estava parada, de costas para o jovem vampiro.

A menina tinha a pele pálida, seus olhos eram azuis claros, e assim que Masako falou com ela, ela virou-se para ele, encarando-o, com certa curiosidade. Seu cabelo era castanho e longo, preso num rabo de cavalo baixo, com uma fita vermelha, e ela trajava um uniforme escolar azul, do tipo usado em conventos escolares. Havia um caimento de cabelo pelas laterais de seu rosto, cobrindo parcialmente a testa de ambos os lados. - Estou procurando pessoas más... Você é mal? - Indagaria a menininha olhando para Masako, falando num tom tranquilo, até mesmo brincalhão. - Pessoas más merecem sofrer... - Continuaria a menina olhando fixamente Masako. - Mesmo aquelas que já morreram... - A menina então daria um sorriso jovial, e uma breve risada, saindo correndo em direção ao colégio, cujas portas abriam como que cedendo passagem a ela, e depois se fecharem num baque alto.

Masako estava perdido em seus pensamentos, ele encontrava-se com diversas dúvidas de como prosseguir, porém estava disposto a tentar. Ele conseguiria encontrar com facilidade uma janela próxima de uma árvore ali, porém antes que pudesse subir na mesma ele veria alguém na dita janela. Tratava-se de sua mãe, e ela olharia em sua direção com lágrimas saindo de seus olhos, antes de afastar-se da janela em direção ao interior escuro da sala onde estava. Ela desapareceria de sua vista, deixando-o livre para prosseguir como quisesse. Entretanto, ele poderia ouvir um grito vindo do interior da escola, como se fosse um urro de dor incontrolável, e definitivamente feminino.

- Ele nunca fez mal a ninguém, como podem dizer que ele fez algo assim? - Masako ouviria a voz de sua mãe um tanto distante, falando entre soluços e choro. - Não sabemos a circunstância ainda senhora, mas esse é definitivamente o seu filho nas filmagens do hotel, pouco depois do massacre, e ele está atacando esses outros dois rapazes. - Responderia uma voz masculina desconhecida. - Ele está desaparecido porque fizeram algo com ele!! - Exclamava ela. - Senhora... Ninguém sobreviveria àquela queda... - Diria a voz masculina, de maneira que conforme Masako andava poderia ficar incógnito e seguir as vozes sem problemas. - Misaki, por favor, você sabe de algo, não sabe? - Seria então que a voz de sua mãe ficaria bem mais nítida, à medida que Masako poderia notar que estranhamente aqueles corredores pareceriam ter mudado, ele encontrava-se em seu colégio, teria certeza disso. - Senhora Sun... Meus pais me proibiram de falar com a senhora, mesmo que eu soubesse onde ele está, é melhor a senhora entender, ele já está morto... - Responderia a voz de Misaki, e no final do corredor, onde seria a sala dos professores, Masako veria uma luz piscando através do vitro da porta de madeira branca. - Vamos, Misaki-sama, seus pais aguardam para o cortejo do novo pretendente... - Responderia a voz de Atsushi, e Masako teria certeza de que era a voz dele vinda da sala dos professores. - Não sei mais o que fazer... - Choraria a mãe de Masako, também com a voz vinda daquele lugar. - Devemos seguir em frente querida, será difícil, mas é melhor que ter um filho assassino e não ser capaz de fazer nada por ele... - Seria então a voz do pai de Masako, vinda do mesmo lugar que sua mãe, tão nítida que poderia até causar-lhe algum efeito. - Eu falhei como professor, jamais percebi algo assim nele, sinto muitíssimo senhora Sun... - Por fim Masako ouviria a voz de seu Sensei, e um longo silêncio se faria presente, até que o som do grito feminino seria ouvido mais uma vez, vindo da mesma direção que todos os outros sons. - Eu prefiro morrer do que viver sem o meu filho... Me desculpe, querido... Espero ver você no outro mundo meu bebê... - Essas seriam as palavras finais da mãe de Masako, antes de se ouvir o som de uma cadeira caindo, seguido de uma corda esticando rápido, e finalmente algo como um osso se partindo rapidamente.

Masako foi levado pelas emoções e ao abrir a porta depararia-se com o corpo pendurado de sua mãe, cabeça virada, balançante presa ao teto por uma corda, olhos estáticos e arregalados. Gradativamente uma outra figura se faria presente, um torso de uma garotinha surgia do chão, como que atravessando tal qual uma aparição, era a garotinha de antes, mas seus cabelos estavam soltos e desgrenhados, sua pele pálida como que se estivesse anêmica, e seus olhos completamente negros. - Arrogância... Onde estava você quando sua mãe mais precisou? Preferiu salvar uma estranha a estar ao lado dela... E mesmo assim falhou novamente, e novamente... Quem você acha que é, para se dizer capaz de proteger algo? - Dizia a menina com uma expressão de raiva e descontentamento, com sua voz metalizada e ecoando pela sala dos professores, que aos poucos enferrujava, tornando-se uma forma depredada e suja da realidade, quase irreconhecível. - Você se diz bom, inocente, mas onde estava que não percebeu os sinais da rebeldia da sua irmã?? Sequer recorda-se do salto que deu pela janela do hotel... Por acaso esqueceu também o quanto quis matar o tigre que apenas fazia seu trabalho de forma honrosa? Ou vai dizer que ele era como os lobos? - Continuava a menina, agora saindo do chão e ficando de pé, ainda falando agressivamente. - Não fuja da culpa... Quer jogar as responsabilidades para cima dos outros... Partiu o coração de quem disse amar e espera que ela faça um bom trabalho acobertando sua covardia em encarar seus pais? - Dizia a menina andando a passos pesados que faziam o chão tremer, quase como que num terremoto, com um som metálico a cada passo lento e furioso, quase como o baque de algo pesadíssimo num piso de ferro. - Mais uma vez se revolta com o nobre tigre... Quando na verdade inveja que ele esteja ao lado dela... Queria ser você a protege-la e conforta-la, mas tem medo de ter de enfrentar sua falsa mãe... - A menina aproximava-se devagar, assim com aqueles passos pesados, e seu corpo ia se requebrando de forma insana e sobrenatural, de forma ainda mais frenética que das enfermeiras anteriormente. - Aceite o medo de falhar, e não culpe os outros!! - Exclamou ela parando de andar e com um urro que jogaria uma rajada de ar potente na direção do vampiro. - O sangue do Assassino corre em suas veias duas vezes... Você carrega as suas maldições e o fardo de ser o primeiro... - Agora enquanto a garota falava, o corpo da mãe de Masako também se remexia, se contorcendo e se revirando, ao som do estalar de ossos e tendões, enquanto ela gemia baixo em murmúrios irreconhecíveis, que aos poucos pareceriam ser pedidos de socorro, desculpas ao marido, e dizeres de saudade do filho. - Aceite sua escuridão... - Sussurraria a garota, entrando no chão e desaparecendo. - Por que você fez aquilo?? Você era um bom menino... Nunca mentiu nem nos preocupou... Preferiu ajudar uma desconhecida... Duas vezes... Preferiu elas à sua família... Eu estou aqui por sua causa... Toda essa dor e esse sofrimento, são sua culpa!! - Lágrimas de sangue saiam dos olhos da mãe de Masako, e aos poucos sua pele fervia com bolhas e pústulas, ficando irreconhecível e deformando-se de forma sinistra. - Você não sabe de nada... Nunca sabe de nada... Não sabe das trevas que existem em você... Além de renegar as trevas que existem nos outros... - Continuava a Mãe chorando com lágrimas de sangue, agora tomando uma forma monstruosa de uma criatura feminina presa a uma máquina e pendurada ao teto, coberta por uma fina camada de plástico e com bandagens e metais por todo o corpo. - Você vai pagar pelo que fez filho ingrato e covarde!! - Urrou ela assustadoramente com uma voz até mais distorcida que da menina, e não muito depois Masako sentiria uma presença familiar e ouviria outra voz, mas essa reconfortante. - Não é apenas uma ilusão, pense isso e irá morrer aqui, a alma dela precisa ser liberta...