Prefeitura de Raccoon City

As reações da moça eram interessantes e até divertidas para se dizer o mínimo, e T'Challa apenas sorria, seguindo com sua empreitada até que o som do estalo a madeira lhe deixou alerta, como como que um gato eriçando o pelo. Ele já havia praticamente ficado em posição de luta uma vez que podia ter chamado atenção com aquilo, mas tranquilizou-se minimamente com a situação ao notar que nenhum ser aproximou-se. - A madeira está em estado deplorável, a barricada é antiga, o suficiente para indicar que a fortificação aqui pode ter sido feita faz um tempo ou com materiais bem improvisados em meio a tumulto... - Diria a ela num tom mais baixo, quase sussurrado, aproximando-se um pouco mais dela, deixando sua lança na mão direita em prontidão. - Prosseguiremos... - Continuaria adentro da prefeitura, buscando sinais de ocupação.

A entrada na prefeitura acontecia, e a iluminação precária podia ser um infortúnio, se não fosse a visão felina do Rei. Estava um completo caos, tudo revirado e amontoado, espalhado e destruído, como se tivesse passado um furacão no lugar. - Computadores e arquivos podem contém informações. - Comentaria observando atento ao local, em especial o dito computador. - Realmente parece difícil haver sinal de vida aqui... - Concordou com a maga a princípio ainda atento em tudo o que pudesse indicar uma pista. Conforme a maga falava e ia em direção ao relógio, T'Challa voltaria sua atenção a ele, em especial a peculiaridade das joias, e as faltantes na posição 3 e 10. - Ostentação ou não... A Umbrella tem conexões no desenvolvimento da cidade... Pode haver um mecanismo ou algum tipo de feitiço, já que a empresa lida com tecnologia e magia... - O leão caminharia na direção do relógio e o analisaria com cautela.

- Há um mecanismo, sutil, interno ao relógio, marcado com hieroglifos mágicos... Não parece que eu possar ler com facilidade o que dizem, nem para que servem com total exatidão... Mas parece ser uma passagem para algum local... - Explanaria o Rei, conforme se atentava ao dispositivo, tentando ver se não conseguia mesmo traduzir os símbolos. - Tenha cuidado Senhorita Vess, melhor mantermos certa proximidade... - Continuaria a falar, olhando brevemente para a moça, antes de continuar seu estudo dos símbolos. - Deve haver alguma forma de aciona-lo... - Pensaria alto, focado na tradução. - "Sou um historiador, além de ser um Rei, deve haver algo referente a isso em minha memória..." - Usaria de todo o seu arsenal intelectual na empreitada, queria ter noção de com o que lidava, antes de prosseguir.

T'Challa atentou-se às falas de sua companheira, percebendo que mesmo se esforçando não conseguiria deduzir muito mais, parecendo ser algo extremamente específico aquele construto. Os símbolos tinham origem nas bruxas, o que poderia ser algo que despertaria o interesse de Liliana, isso se a mesma já não havia percebido e ficava quieta quanto a tal informação. Ele ponderava sobre a necessidade de abrir-se a confiar na maga, até que um som vindo de cima lhe pôs em alerta, fazendo empunhar a lança. T'Challa faria uma sequência de gestos, apontaria com o indicador direito para Liliana e depois com o polegar da mesma mão para o relógio, a seguir ele apontaria para cima com a lança, em conjunto com a cabeça, e então começaria a andar, usando de todas as suas habilidades, instintos e sentidos, para chegar o mais próximo que pudesse da fonte do barulho, sem alertar nada nem ninguém.

T'Challa pouco ligou para o descontentamento da outra, focando sua atenção em sua empreitada, reunindo sua energia espiritual, e fazendo-a unir-se à sua arma. Com cuidado ele prosseguiu, até chegar na origem do barulho. Havia uma placa metálica indicando do que se tratava a sala em questão, e uma conclusão poderia ser tirada. T'Challa usaria sua voz, falando de forma firme e imponente, mesmo que por trás da porta, quer fosse algo vivo ou morto seria alertado de sua presença, e então poderia saber o que esperava de fato. - Me chamo Onúris, vim aqui para auxiliar possíveis sobreviventes, podemos conversar? - Indagaria mantendo a postura civilizada, no entanto, pronto para se defender caso fosse preciso, e então atacar seu agressor. Ele abriria a porta lentamente com a mão esquerda, deixando a direita empunhando a arma. Usaria de extrema habilidade marcial, tratando de empregar todas as suas capacidades combativas, mas somente caso fosse atacado.

Ao abrir a porta, T'Challa deparou-se com um garoto, não mais velho que treze anos, armado e o encarando. - Eu não sou inimigo... - O rei se abaixaria devagar, ficando agachado, tentando deixar seus olhos na mesma linha dos do garoto, olhando-o diretamente. - Parece que está nesse caos já faz um tempo, qual o seu nome? - Indagaria de forma tranquila, e com feição de seriedade, fixando ainda seu olhar no dele. - Você deve ser bem habilidoso, sobrevivendo num lugar assim, tenho certeza de que ninguém conseguiria tirar vantagem de você... - Diria essa última parte dando um breve sorriso e pousando a lança no chão à sua direita e se erguendo devagar ainda. - Dou a minha palavra de que não tenho mais armas comigo, além disso o que eu disse é verdade, eu vim ajudar os sobreviventes. - Por fim deixaria as mãos abertas um pouco elevadas, afastadas do tronco, como que mostrando certa rendição.

As palavras de T'Challa não pareciam surtir efeito, ou surtiam e o jovem era muito mais desconfiado do que poderia prever. - Repito o que disse, vim ajudar. - T'Challa insistiu, notando que mesmo em seus movimentos lentos e pacíficos, o menino estava com a mira firma e de olhar fixo. - É em momentos de dificuldade que evoluímos e conhecemos mais a nós mesmos, tenho certeza de que teve muitas experiências surreais e difíceis por aqui. - Era peculiar encontrar alguém jovem e com aquele aspecto, fazia-o pensar um pouco em si mesmo, a forma como foi treinado desde jovem, a caçar, lutar, sobreviver, se não fosse uma boa orientação, ele mesmo seria um assassino cruel e sanguinário. - Pelos Deuses... - Murmurou ao ouvir o urro, provavelmente mais uma criatura morta-viva havia chegado, e isso poderia indicar perigo iminente para os dois ali e para Liliana. - Não é hora de animosidade garoto!! - Exclamou o Bastet quase que urrando tal qual um leão, pegando sua lança do chão e correndo. Seria chegada a hora da batalha e de imediato T'Challa correria na origem do urro e dos sons de batalha, pronto para se lançar e defender quem estivesse sendo atacado, se pondo entre ele e seu agressor moribundo. Conforme corresse já deixaria seu traje de batalha formar-se, pronto para o confronto inevitável que estava por vir.