0. Prólogo de Sangue

Pisha se despediria da amiga de forma sutil, apenas um meio sorriso, e antes disso havia um aperto de mão firme entre ela e Angel selando o acordo. Os dois sairiam do bar em direção ao carro e de lá partiriam para o local da caça, onde a Górgona os aguardava. Como de costume Angel ligou o rádio, deu a partida e assim que o vocal a musica começou ele iniciou sua explicação. - Os trabalhos que eu aceito geralmente são nos seguintes termos, parte do pagamento antecipado e o resto depois de terminar, assim a gente se prepara numa boa e não levamos calote. Meu conselho é você ficar atenta hoje, a Górgona é escorregadia que nem uma cobra e bem sorrateira. Vou usar o pó de fênix numa espingarda calibre doze, assim que tiver oportunidade acerto um tiro em cheio na cabeça dela, mas vou ter que estar numa distância boa para isso, não muito longe, mas também não muito perto. - Angel dava suas explicações quanto ao trabalho, e já dizia sua regra de ouro quanto ao pagamento.

- Olha, existe algo chamado memória muscular, mesmo que você não se lembre de mais nada, seus músculos e seu corpo podem recordar-se. Se foi foi uma guerreira ou algo assim, especialmente treinada em algum lugar tipo uma ordem religiosa, com certeza seu corpo deve ser bem treinado. - Respondeu Angel a princípio conforme uma musica diferente das anteriores tocava. - Eu pratiquei alguns estilos de artes marciais e lutas com armas, nós vampiros temos uma reação muito mais rápida que humanos, e além disso somos bem fortes fisicamente, se juntar isso e a sua memória motora com o instinto de sobrevivência vai ficar bem, mas por enquanto quero você só cobrindo a minha retaguarda. - Explicaria ele à medida que se afastavam mais da cidade, chegando numa área mais a sul onde começava uma mata mais densa, havendo praticamente só a estrada de terra batida onde trafegavam.

- Deixar ela chegar perto é suicídio, o rifle vai dar conta. - Responderia ele a princípio fechando o porta malas. - Vamos andar juntos, eu vou tentar chamar a atenção dela para dar o tiro numa distância boa, você vai ficar de apoio, só faça barulho ou ataque usando o chicote para chamar a atenção dela se for necessário. - Explicaria para ela seu pano, de forma resumida e direta, enquanto lhe entregava um papel. - Esse é o mapa da mansão, eu ainda não encontrei o ninho dela, mas graças a Deus ela não botou ovos. Temos que eliminar ela antes que consiga reproduzir, e por sorte não tem nenhum macho na região. - Assim que ele dissesse isso, Shanoa poderia abrir o papel e ele se desdobraria em oito vezes, revelando um mapa da propriedade.

- Ela estava escondida na... - Quando Angel ia avisar sobre onde havia a visto, subitamente uma cauda enorme bateu nele como que um chicote o arremessando longe na floresta, deixando a arma cair a alguns metros de Shanoa. - Eissvoleíss... - Diria ela num tom sibilante e ameaçador, botando a íngua bifurcada para fora, a criatura era uma serpente da cintura para baixo e uma mulher da cintura para cima. Seus cabelos eram serpentes escuras, sua pele verde na parte humana e escamosa na parte cobra. Seus olhos eram de um azul bem claro e com aspecto feral. - Ssaia do meu ninho ou irá morrer... - Ela empunhava uma lança de lâmina dourada e com bainha vermelha, mirando a mesma na direção de Shanoa com a empunhadura em ambas as mãos.

- Voscê... - Sibilaria a górgona estreitando os olhos, empunhando também a arma com mais firmeza. - A nova vadia de Drácula! - Com um ímpeto fenomenal ela atiraria sua lança a fazendo atravessar o ombro direito de Shanoa, e no processo a fazendo ir para trás em conjunto, fincando-se a uma árvore. - Sseu messtre roubou meu último ninho! - Serpenteando a uma velocidade surreal ela já estaria se enrolando na árvore onde Shanoa se encontrava, a espremendo tal qual uma verdadeira cobra fazia com sua presa. - Ele não esstá aqui para protegê-la desssa vezs... - Ela sorria sinistramente enquanto aproximava sua cabeça da de Shanoa, e as cobras em seus cabelos abriam suas mandíbulas gotejando um veneno transparente mas espesso. No entanto uma labareda de origem misteriosa a atingiria na nuca, a fazendo soltar Shanoa e se contorcer no chão tentando apagar as chamas dos cabelos, mas estas se espalhava rápido. Mesmo com a dor aguda no ombro esquerdo Shanoa podia tentar soltar-se, sendo que também sentia os ossos e a musculatura rangerem com dores no decorrer do abraço quase mortal de antes. - Devemos agir rápido, ela não hesitará por muito tempo, corte-lhe a cabeça! - Uma voz masculina seria ouvida e um homem pálido de vestes finas, cabelos negros e olhos azuis brilhantes se aproximava com as mãos carregando bolas de fogo.

Com velocidade e certa incerteza, Shanoa empunhou a cruz de batalha e com dois golpes fulminantes acertaria a cabeça da criatura que ainda ocupada rolando para apagar as chamas não se esquivou nem defendeu. Seu sangue jorrou e pedaços das serpentes de seu cabelo caíram ao impacto da arma surpreendentemente cortante. - Issso queima maiss que o fogo!! - Exclamou a criatura enlouquecida de dor enrolando a cauda como se estrebuchasse, até que Angel voltou à cena saltando do matagal com sua aparência alterada. Seu rosto tinha uma musculatura mais avantajada e seus olhos eram de um amarelo selvagem, além de que seus dentes eram bem mais pontiagudos. - E isso vai ser de matar!! - Ele rapidamente pegou a arma e rolou até a criatura disparando a espingarda a queima roupa em seu crânio, fazendo-o explodir em diversos pedaços, culminando na serpente parando de mover-se. - Delicado como um elefante numa loja de cristais... - Murmurou o outro homem fazendo as chamas cessarem magicamente, bem como as que segurava em suas mãos. - E você quem é? - Indagou Angel mudando a sua aparência para a normal, enquanto ofegava. - Tá tudo bem? - Indagaria a Shanoa na sequência, olhando para o braço ferido dela, porém a moça sentiria que sua cura acelerada já havia fechado quase que completamente o ferimento.

- Meu nome é Maximillian Strauss, sou regente Tremere. Havia uma perturbação nessa região, não muito distante da minha Chantria. Sendo assim vim averiguar, e devo dizer que foi em bom momento. - Explicou o outro homem, mantendo uma postura e uma voz firmes. - Hum... Certo, valeu mesmo Max... Se der licença, nós vamos entrar. - Angel deu apenas um aceno para o homem e dirigiu-se a Shanoa a ajudando a ficar de pé. - Nós nós curamos rápido, logo isso ai tá 100%. - Diria para ela num tom bem baixo, inaudível para humanos, mas que ela conseguiria entender. - Sugiro terem cuidado, a criatura pode ter colocado ovos. - Comentou Maximillian a medida que o corpo da górgona ressecava e diminuía de tamanho, parecendo uma ameixa seca. - Valeu mesmo, vamos tomar cuidado, até. - Por alguma razão Angel acelerou o passo com Shanoa, colocando-a no carro. - Vou estacionar lá dentro. - Afirmaria ele assim que a pousasse em seu assento do lado direito.