Capítulo 2 - O Conselho do Ahadi

Ele voltaria com Priya para a nave, e assim que estivesse lá falaria a sós com ela. - Vamos almoçar antes de seguir para Zuri, assim você poderá descansar. Não sei o que dizer para te confortar, principalmente quanto à conexão que tens com seu povo. Só sei que só de ter visto a cidade em chamas, eu... Sei que não fez por mal, estava descontrolada, o que quero dizer é que eu sinto em parte o que você sente, não na mesma intensidade, com certeza. - Ele tentaria tranquiliza-la, a deixaria sentada a um dos assentos da nave, colocaria o cinto de segurança nela e lhe falaria sentando-se ao seu lado. Assim que chegassem ao palácio procuraria um dos guardas e pediria para avisar Zuri de que falaria com ele após o almoço, e então iria para o refeitório com Priya. Tiraria a túnica e a dobraria, deixando-a em seu assento antes de sentar-se. Preferia menos roupas, mas era um dos menores fardos de seu reinado.

T'Challa cumprimentaria a mãe com um beijo no rosto e depois um beijo em sua mão, já a irmã ele apenas acenaria emburrado após o comentário dela.- Obrigado. - Agradeceria à guarda enquanto passava a mão no rosto de Priya. - Tivemos uma reunião, faremos esforços combinados para proteger os líderes Makunguru e Bubasti. Durante a reunião Priya percebeu que uma das Nagah foi morta, a conexão dela com as irmãs é muito forte. Minha ideia era de que ela poderia falar com seus ancestrais e obter algum meio de localizar seu povo, só que isso poderia ser um tiro no escuro ou arriscado. Sugeri então que Zuri poderia nos esclarecer algo que possa ajudar nesse sentido. - Explicaria se sentando ao lado de Priya e se servindo, sentia perturbado, mas isso não afeta tanto sua fome, não para os padrões humanos, mas que sabe comece menos do que um leão normalmente comia.

Havia preocupações por parte da mãe, e certamente ela tinha suas razões para tal. No entanto, algo mais acontecia, Priya o impedia de comer, e rapidamente informava a razão disso. - Como assim?! - Exclamaria furioso e com os olhos mudando para felinos de cor amarela. - Droga... - Sua família já havia comido, Shuri mais que sua mãe, mas mesmo assim. - Vamos leva-las logo! - Diria pegando Shuri no colo, e então correndo com ela para a porta e a chutando para que abrisse. - ATENÇÂO, ENVENENARAM A FAMÍLIA REAL!! PRECISAMOS DE CUIDADOS MÉDICOS E DO SACERDOTE ZURI IMEDIATAMENTE!! - Ordenaria a plenos pulmões para que todos os presentes ouvissem no corredor, usando o ombro para manter a porta aberta. - Mãe não se esforce demais, mas preciso que vá com os guardas e Priya, Shuri comeu muito, tenho que correr com ela. - Diria para Ramona e o quanto antes levaria Shuri para onde seria tratada. Caso Zuri demorasse, ele o procuraria no jardim subterrâneo o quanto antes e lhe informaria o que ocorreu. Sua expressão seria de ódio, algo pulsante e violento, quase incontrolável, e amplificado pela íris felina e os caninos à mostra.

- Eu entendo... - Diria a princípio apesar da carranca de raiva, porém arregalando os olhos ao ouvir o que seria necessário. - Isso pode ser perigoso... Não há outra metamorfose em que possa extrair o veneno?! - Estava alterado, claramente apreensivo com aquilo, apesar da família correr riscos, não queria expor Priya a isso. - Eu... Confio em você Priya... Lembre-se de quem você é... - Ele estava relutante com a ideia, deixava claro em suas feições, senho franzido e cara fechada. - Gaia olhe por nós... - Diria juntando as mãos em prece assim que Zuri deu sinal para ela se transformar. - Certo... - Ele sabia o que significaria, assistir à transformação dela, e assim foi como esperado a dor dos membros retrocedendo, o processo forçado, ele mal podia imaginar como era para ela. - Main T'Challa hoon, aapaka Onúris, aap Priya hain, yaad rakhen. - Diria "eu sou T'Challa, seu Onúris, você é Priya, lembre-se disso" em Hindi, língua nativa de Priya, para a grande cobra assim que a transformação estivesse completa. Ele então se ajoelharia olhando nos olhos da cobra, desfazendo as feições de raiva e tensão, respirando fundo e de forma ritmada. Aos poucos ele mesmo assumiria a forma Felina. Permaneceria deitado olhando nos olhos da serpente, para levantar-se devagar. Andaria rebolativo que só um gato em sua direção, mantendo o contato visual e calculando os passos das quatro patas de maneira calma e gentil, a mal fazer pressão no solo. Não se aproximaria muito a princípio, e então se sentaria, mantendo o contato visual. Ele sabia que não podia falar naquela forma, mas queria que seus gestos lhe dessem essa capacidade. Confiaria em Priya e no instinto dela, bem como confiava no seu próprio. Ele daria tempo para que Zuri fizesse o ritual e quando fosse necessário se aproximaria dela mais, dando a sua cabeça para fazer carinho na cabeça dela. Aos pucos voltaria à forma humana, a abraçaria dizendo algumas palavras. - Krpaya meree bahan aur maan ko bachaane mein meree madad karen. unhen keval unake jahar mein upachaar kee aavashyakata hai. (Por favor, ajude-me a salvar minha irmã e minha mãe. Elas precisam da cura que há em seu veneno apenas.)

Priya aceitou seu carinho, isso acalentou seu coração um pouco, apesar de ainda temer pela família. Zuri dava continuidade ao ritual, tendo deixado os potes para coletar os veneno ali próximos. Ela o olhou nos olhos, falando com ele em sua forma gigante, algo que ele nunca achou possível, ao menos para ele mesmo parecia impossível um Bastet falar em Chatro ou Felino. - Obrigado... - Agradeceria a ela com um sorriso, deixando os olhos umedecerem. - Prometo que o usarei apenas por bem, apenas para curar. - Respondeu por fim, para que então fosse cuidadosamente até os potes preparados pelo monge, e com eles pegaria o veneno dela, cautelosamente, e os colocaria próximos de Zuri.

De forma gradativa e cuidadosa ele teve sucesso em preencher os frascos com o veneno, entregando-os a Zuri. O sacerdote finalizava então seu ritual, e aos poucos Priya também retrocedia à forma humana. - Ca-claro!! - Exclamou um tanto surpreso ao cair a ficha de que ela jazia nua, e prontamente foi-lhe buscar as roupas. - Eu entendo, descanse o quanto precisar... - Disse virando-se de costas para que ela tivesse o mínimo de privacidade. - Eu também... - Respondeu assim que ela estivesse vestida, tendo olhado para trás brevemente pela visão periférica. - Isso é bom, evitaremos problemas futuros. - Diria um tanto cabisbaixo apesar da notícia boa, ainda havia perigo pairando sobre eles, especialmente sua família que estava sob cuidados médicos. Priya falava sobre imunidade, e isso lhe deu uma nova ideia, além de fazer-lhe pensar mais a respeito do propósito dos inimigos. - Eu vou levar o antídoto, você e Zuri podem descansar, eu cuido do resto. - Ele a ajudaria a ficar de pé, mas entenderia seu pedido, acenando que sim com a cabeça para Zuri e levando os antídotos com certa pressa. Assim que chegou à enfermaria, viu o estado de sua mãe e irmã, o que fez seu coração bater mais rápido e suas mãos ficarem um tanto trêmulas, ele havia pousado os potes a uma mesa próxima, não queria derruba-los. - Por favor, N'Iala... - Aceitaria a proposta dela, tendo em vista que nãos e sentia seguro para aplicar as medicações.

- Obrigado N'Iala... - Agradeceria olhando-a nos olhos e colocando a mão em seu ombro direito. - Sei que todos estão fazendo o seu melhor... - Comentaria na sequência tirando a mão do ombro dela e olhando para sua mãe e irmã. - Estou ciente dos riscos, e não posso assumi-los afinal envolve Priya. - Responderia acompanhando-a para fora da sala. - Gostaria de pedir um favor, poderia conseguir uma lista de todos os funcionários do refeitório? Cozinheiros, lavadores, garçons e fornecedores, se possível. Precisamos garantir que isso não ocorra novamente e poderemos encontrar mais pistas de como se infiltram entre nós. - Estava sério ainda, tentando manter sua mente focada na resolução dos problemas. - Eu gostaria de estudar o templo de Tekhait, traduzir as inscrições e os símbolos. Isso com certeza ajudaria Priya, mais uma vez obrigado. - Ele a agradeceria novamente, colocando a mão direita fechada ao coração e acenando positivamente com a cabeça, antes de voltar para dentro da enfermaria onde procuraria onde sentar até que sua família desse sinal de recobrar os sentidos.

As horas passavam devagar, e ele permanecia quieto, observando as duas deitadas. - Obrigado Danai... - Agradeceria a ela alongando o pescoço para depois passar as mãos no rosto, para manter-se atento e acordado, sentia certo cansaço. - Eles querem nos dar uma falsa sensação de segurança... Fale com N'Iala, pedi que ela afizesse um relatório de todos os funcionários do refeitório, quero que você e B'Tumba selecionem uma equipe de investigação, precisamos saber quem poderia ter facilitado o envenenamento, ou se temos algum Asura infiltrado... Aliás... Se puder pedir para que tragam comida, eu aceito, mas quero que ela venha com Priya, assim eu evito qualquer problema. - Daria mais ordens à ela, sabia que poderia ser muito mas falaria com uma voz firme e a olhando nos olhos, tocando em sua mão com a sua direita.