Capítulo 3 - O Templo de Tekhait

Assim que Onuris começou a falar na língua celta, os olhos dele se arregalaram um pouco, mas quando passou a falar em irlandês, arregalou-os mais ainda chegando a abrir um pouco a boca. Apesar disso outro sorriso se apossou dos lábios. -Go dtí nach bhfuil tú dúr mar a cheapamar. (Até que você não é burro como eu pensava.) -Diria ele em irlandês antes que Onuris voltasse a falar, desta vez sobre os Uivadores brancos e tudo o que sabia sobre sua corrupção até se tornarem os dançarinos da espiral negra. Ele ficou quieto, mas ainda sorrindo como de costume. Porém a ultima sentença de Onuris faria o sorriso dele sumir e uma expressão de ódio surgir, numa tentativa de se soltar. -Ní dhéanfaidh mé dearmad riamh!!! Táimid ag iarraidh an talamh seo a scriosadh, agus déanfaimid é féin!!!! (Eu nunca serei esquecido!!! Nós vamos destruir essa terra, e torná-la nossa!!!!) -Rosnou descontrolado pelo que foi dito. -Fiú má bhí sé ina chónaí faoin díon céanna lena athair, ba mhaith liom é a mharú! Díreach mar atá mé ag dul a mharú gach duine is breá liom! (Mesmo que estivesse morando debaixo do mesmo teto que seu pai, eu o mataria! Assim como vou matar todos que ama!!) -Ele tentaria se mover e acabaria caindo de peito no chão. -TÁ MÉ AG DUL A MHARÚ!!!!! (VOU TE MATAR!!!!) -Ele perdia sua pose que até então era de superior, e se descontrolava completamente, gritando conforme Onuris saía da caverna. Priya e Zuri ouviam os bravejos dele, apesar dela não entender o que ele falava. -O que foi isso T'challa? -Peguntou curiosa com tamanha raiva repentina do cão. No que isso se passava, Danai voltava com a nave trazendo a encomenda de Onuris consigo. -Shuri esta em casa, disse pra eu te dar isto. -Daria uma mini câmera nas mãos dele. -É pra vigiar nosso prisioneiro. -Diria ela explicando a funcionalidade. -Ele se conecta com as pulseiras.

Danai enfileirava todas as guardas que pôde, com as armas requeridas por Onuris, e esperava por mais ordens após dar a ele a câmera. Assim que ele voltou pra dentro da caverna, pegou areia do chão e ao se aproximar da prisão, tacou ela na cara do lobo, que não teve muito o que fazer a não ser fechar os olhos e virar o rosto. Ele rosnou, mas não disse nada, vendo o outro voltar pra fora da caverna e olhou pro local que ele estava anteriormente. Danai especificou a rota de guarda de cada uma delas, sendo um total de 10 guardas. -Sim, é melhor, e também descansarmos um pouco. -Comentaria Priya seguindo pra nave. -Precisa que eu vá junto T'challa? -Perguntaria Danai pra ele, caso ele dissesse sim, ela entraria na nava, caso não ela se misturaria com as guardas em seus postos. Zuri também entraria e se sentaria numa das cadeiras, cansado, guardando os pergaminhos na bolsa pra estudar mais tarde. Assim que a porta da nave se fechasse, Priya se aproximaria de Onuris. -Eu concordo que você seja o Rei que Wakanda precisa, mas acho um pouco de mais você se comprometer em torturar um cara, mesmo que seja inimigo. Você não é assim e eu percebi que foi agradável de certa forma. -Diria ela o olhando analiticamente, e ele realmente podia sentir satisfação pela dor que proporcionou no lobo. -Não deve se esquecer que os leões são por natureza violentos... Exercitar esse tipo de atividade pode complicar algo no futuro. -Diria Zuri que até então estava quieto.

Diante daquela resposta do Rei, não haviam o que retrucar, afinal ele estava certo em suas convicções. Priya levou até ele alguns papéis para que ele escrevesse as cartas se ele quisesse adiantar, e pegaria o pincel e a tinta de Zuri, que usou para escrever o mantra que prendeu o cão e colocaria ali, junto dos papéis. -Quando tudo isso acabar, tirarei férias em New York. -Comentou rindo de leve, mas suspirando ao final, saudosa. Demorariam metade do tempo que levaram pra ir do templo pro local da prisão do cão pra chegar no castelo, sendo ainda hora do almoço como fora calculado por Onuris. Poderiam ir até a sala de jantar para almoçar, e assim que chegassem estaria tudo arrumado. -Vossa Mãe e Irmã já comeram, iremos por a mesa para que comam. -Diria uma das empregadas que arrumava a sala assim que entrassem. -Gostaria de algo em particular, Senhor? -Perguntaria ela antes de sair pra trazer as coisas. Priya se sentava e voltava a olhar Onuris. -Você acha que ele ficará preso lá? -Perguntou levemente preocupada.

Danai pegou a carta prontamente atendendo ao pedido de Onuris, saindo da sala de jantar. A serva reverenciou eles antes de sair para trazer a comida, em quanto isso ele falava com Priya, de forma cansada. -Certamente também me pareceu isso... Ele não demonstrou resistência enquanto lutavam e parecia estar se entregando, até... -Diria ela em concordância com o que ele dizia. Ela riu leve com o que ele dizia. -O certo parece tão difícil as vezes né? -Perguntou se aproximando dele e massageando seus ombros. Não demoraria pra chegar a comida, algumas serviçais entravam cada uma carregando um prato diferente, suco, frutas, e claro, outra montava a mesa. Não demoraria pra estar tudo montado, mesmo pra somente os dois, era muita comida, mas nada seria desperdiçado.



A serva que Onuris falou antes não estava entre aquelas, e eles poderiam comer sossegados. Priya comeria com gosto, pegando um pouco de tudo que havia na mesa, mas sem exagerar. -É incrível a quantidade de comida. Vocês mesmo caçam? É... Por que não vi nenhum tipo de empresa desse tipo por aqui. -Perguntaria ela curiosa com a forma que eles tinham de conseguir comida. Ao final do almoço aquela serva pediria licença pra entrar na sala e assim que se aproximasse de Onuris ela relataria. -Avisei a Rainha sua Mãe e sua Irmã que gostaria de ter com elas depois de seu almoço. Não encontrei a Senhorita Naomi. Deseja algo mais? -Perguntaria ao final esperando algum outro pedido ou caso não houvesse, reverenciaria eles e sairia da sala.

Priya ficou surpresa com a resposta, mas ao mesmo tempo supriu sua curiosidade. Ela começou a comer depois da oração de Onuris, respeitando a ordem hierárquica, deixando que ele iniciasse a refeição pra fazer o mesmo logo após. Assim que a serva lhe deu o recado, ele lhe respondeu. -Sim Senhor. -Diria ela se afastando com uma reverencia e saindo da sala. -Vai acabar engasgando desse jeito. -Disse Priya reparando que ele estava um tanto afoito com a comida, porém continuando a comer mesmo que ele não ligasse pro que falou. Assim que terminassem de comer, outra serva pediria licença. -Ramona e Shuri se encontram no escritório. -Avisou pedindo licença novamente pra sair da sala. -T'challa, preciso dormir um pouco, depois da refeição... -Pedia permissão pra ir pra seu quarto e descansar um pouco, deixando ele, sua mãe e sua irmã a sós pra conversar. -Coisas de cobra, sabe. -Disse sem graça com o pedido, mas fazia um tempo que não fazia isso e estava lhe prejudicando. Assim que ele chegasse no escritório, veria Ramona sentada em uma das cadeiras e Shuri olhando pela janela enquanto mexia em uma das bolinhas da pulseira.

Assim que Onuris entrou no escritório cumprimentando as duas, Ramona se levantou da cadeira. -Ndodana! -Disse assim que abraçou o filho. -Umfowethu. -Shuri também se aproximou, abraçando Onuris apertado. -Estou preocupada com você, T'challa, essa época tão conturbada... -Comentou Ramona colocando ambas as mãos no rosto deles, uma de cada lado do rosto, e o olhando carinhosamente. Assim que se afastaram, ele passou as informações pra elas enquanto se aproximava da poltrona. -Portal da Wyrm no território das Nagas? -Perguntou Ramona surpresa. -São boas notícias no final. -Comentou ela pensativa. -Nos registros mais antigos dizem que as Nagas tentaram destruir o portal, mas não diz nada sobre o que de fato fizeram, nem a localidade. Era praticamente um mito. -Disse a ele tal informação. -Então podemos vencer eles! -Diria Shuri animada. -Não que eu duvidasse de você irmão. -Completou sorrindo. -Ainda sim, não acho bom um portal da Wyrm por aqui, mesmo que esteja lacrado... Não dá pra lacrar 100% por muito tempo. -Comentou voltando a ficar preocupada.

Ambas ouviram atentas ao que Onuris tinha pra dizer, concordando com sua decisão. -Estou orgulhosa de você, meu filho. Sempre fazendo o que é certo independente de sua vontade. -Diria Ramona. -Queria tanto que sua irmã puxasse um pouco disso. -Comentou olhando torto pra filha que fazia careta, mas sorrindo tenra em seguida. -Infelizmente seu pai não confiava em nada a não ser sua memória. Se ele escreveu algo do gênero, não contaria nem pra mim. -Respondeu ela e de fato Onuris se lembraria de seu pai reclamando dos pergaminhos dos anteriores, porém ele dizia também ser algo necessário, afinal, a história deles estava toda ali, para os futuros não cometerem os erros do passado. O que o deixaria em dúvida sobre se realmente existiria algum registro dele. -Não sei de Naomi, ela não foi fazer o que pediu? -Perguntou Shuri pensativa. -Está tudo bem com vocês? -Voltou a perguntar Ramona ficando preocupada. -Por falar nela, sua carta foi entregue ao pai dela. -Avisaria Ramona se lembrando de tal feito.