Capítulo 1 - A Morte do Rei

Zuri o abraçou também escutando o que o jovem leão dizia. -Ah sim, sim! Está tudo pronto, só estávamos esperando que acordasse e sentisse melhor. -Disse sorrindo enquanto os guiaria para o local, uma câmara separada de onde tinha as estátuas, porém nesta, haviam escrituras por toda a parede, em Zulu, porém mais arcaico. Além disso grande parte do chão era de areia e somente uma passagem em pedras para que o monge e quem quisesse assistir, pudesse pisar sem interferir no ritual. Em uma das paredes, de onde se aproximavam, havia uma estátua que parecia saltar da pedra, uma pantera pulando em cima de uma presa, e abaixo areia. -É aqui T'Challa, deitará abaixo da estátua, beberá da erva de Gaia e terá sua provação final. -Disse o monge enquanto pegava uma das ervas com uma fruta que plantavam no templo e começou a esmagar em um pequeno pilão de madeira. Assim que ficou pronto, esperou Onuris deitar e assim que feito, aproximou o fino bocal dos lábios dele, despejando o líquido pra ele beber. Aquilo teria um gosto forte, um pouco amargo, mas nada que não aguentasse beber. Suas veias ficariam roxas e nesse momento Zuri passaria a enterrá-lo. Onuris sentiria seu corpo formigar, e conforme essa sensação aumentava, aos poucos seu corpo parecia boiar na água. Um sono forte se abateria sobre ele e assim que abrisse os olhos, se veria um campo verde, com uma grande árvore e uma pantera em um dos galhos, o olhando atenta, como se o analisasse.

Assim que Onuris cumprimentasse ela, a mesma desceria da árvore num salto e ao tocar no solo viraria uma bela mulher, com roupas egípcias, ornamentos em ouro, olhos delineados, pele morena e corpo sinuoso.
Ela se aproximaria dele tocando em seu rosto com uma mão, esta era leve e macia, como um carinho. -Meu filho... -Diria ela com uma voz doce, porém forte, que faria os pelos do corpo dele se eriçarem. -Sabia que passaria na cerimonia. Muitas coisas estão para acontecer, muitas já aconteceram... Não são de todas más, nem totalmente boas, mas mudarão o mundo como conheces. -Diria ela em metáforas ou algo semelhante conforme se afastava e o rondava. -Tens perguntas pra mim? -Peguntou mais como uma afirmação, como se soubesse o que se passava com ele.

Baste't ouviu tudo o que seu filho lhe falava, enquanto parava de andar na frente dele o encarando de forma séria, porém depois relaxando. -Eu não posso ajudar a mudar o futuro... -Disse voltando a andar, mais lentamente e não mais ao redor dele. -Mas nada é o que parece... Este inimigo usa de artimanhas bem pensadas pra conseguir o que quer. O que é certeza pode ser na verdade a maior incógnita que deveria ter. Confie nelas, mas confie mais em seus instintos. Eles sempre serão puros e nunca o trairá. -Diria de forma calma, parando agora na frente dele. -O coração tem o costume de trair, uma hora seus sentimentos serão puros, mas outra hora eles poderão se corromper. Se sua mente for forte e suas ações puras, certamente vencerão e farão a coisa certa. -Ele não saberia se ela falava dele ou não, e poderia ajudar ou não naquele momento, dependeria de seu entendimento. -Sobre seu pai, foi uma lástima... Poderá falar com ele, mas não creio que ele não poderá lhe ajudar muito. -Dito isso, ela moveria um braço fazendo uma manta e nela seu pai apareceria como forma de leão, pra depois virar na forma humanoide. -Meu filho... -Abriu os braços pra abraçá-lo.

Conforme Onuris via seu pai e suas lágrimas desceram em cascata por seus olhos, começou a desabafar tudo de maneira angustiada e ansiosa, fazendo com que ele se aproximasse e o abraçasse se apertada e lhe desse um cafuné na cabeça, como fazia quando criança. -Kulula... (Calma)- Disse sorrindo sereno. -Ser rei não significa ser dono da verdade. Sempre haverão dúvidas, terá momentos em que estará errado. O erro não é algo ruim, mas um meio de aprender e concertar. -Diria ele de forma mansa. -Você sente que sua batalha foi uma desonra? Haverão perdas e vitórias, meu filho... Deverá saber interpretá-las e levantar sua cabeça para o próxima fazer diferente. -Deu uma breve pausa. -Nem sempre amigos serão de fato amigos... As vezes o inimigo está mais perto do que imagina. Minha morte pegou todos desprevenido. Não sei te dizer quem ou o que era, terá que confiar no sangue do seu sangue, no seu instinto e nos seus aliados, pra descobrir quem é. Aos poucos descobrirá quem está com você e quem quer te destruir. -Terminou a frase se afastando um pouco. -Sei que tem outra pergunta pra mim, esta que espreme seu coração. -Diria esperando tal pergunta, mas ficando mais transparente. Bastet só olhava para os dois ouvindo toda a conversa de braços cruzados, sorrindo levemente.

De certa forma as palavras do pai consolavam ao mesmo tempo que eram como farpas. Ele retribuiria o abraço, consolando-se nos braços dele. Aquele paradoxo poderia ser o mau do orgulho leonino, ou quem sabe a falta de preparo que T'Challa sentia tentando inibi-lo de entender o que falava. De qualquer modo ele se ergueria, precisava tomar uma ação. - Eu preciso saber Pai... O senhor mandou mesmo aquela carta? - Indagaria o olhando diretamente nos olhos, sério, com as lágrimas cessando, apesar de ainda senti-se com um buraco em seu peito, profundo e doloroso. - Eu pretendo preservar a tradição e a cultura, mas não farei isso se for arriscar a segurança de Wakanda...

-Como eu disse, reis cometem erros... Eu mandei aquela carta sim, achei que seriam bons aliados para nós. Quando você ainda namorava a raposa, as Nagah's haviam sumido, fiz uma reunião com todos para que encontrássemos elas a qualquer custo, mas não haviam pistas, ou não procuramos no lugar certo. Esse traidor, ou seja lá o que é, já estava agindo. -Deu uma pausa. -Pense bem no que fará, filho. Um trato desse pode fazer você ter um aliado ou mais inimigos dependendo de suas ações. -Disse deixando na mão dele decidir se cumpriria o acordo ou não. -O tempo está acabando. -Disse Bastet cortando o assunto, e de fato T'Challa podia sentir seu corpo astral estranho, como se algo o puxasse fraco. -Você está indo pelo caminho certo! -Disse ele antes de se despedir com mais um abraço e sumir, deixando ele e a deusa sozinhos. O lugar parecia mudar também, passando daquele vasto campo verde pra um local todo preto. -Estamos na sua mente agora... Siga as pistas e se algo parecer estranho, investigue. -Nisso ela sumiria também e T'Challa acordaria, se sentindo diferente, um pouco desorientado e respirando rápido. -Tudo bem? -Perguntaria ambas as garotas que o esperava, deixando Zuri sem graça, a raposa e a cobra se olhando com raiva e Shuri rindo daquela situação. -Será que o maninho vai ter um harém? -Perguntou alto enquanto ria e ambas a olhavam mortalmente. -Er... -Se encolheu, mas logo foi ajudar seu irmão a se levantar.

T'Challa ouviria bem atento as palavras do pai, tentaria tirar a sabedoria delas e se apaziguar. - Obrigado pai... Grande Mãe... - Se curvaria brevemente aos dois, em respeito para ambos, em nome do pai se tornaria um Rei digno e protegeria Wakanda. Ele sentiria o puxão do mundo material, não tardaria a acordar, e quando o fez, sentia uma tremenda falta de ar. - Eu... Falei com o pai... E com Bastet... - Dizia ofegante, tentando recuperar o fôlego, agarrando firme no braço de Zuri, alheio à situação das garotas. - Eu devo desculpas a Naomi... Meu pai confirmou que enviou a carta... Mas ele e Bastet disseram para eu seguir meu instinto... Até que a situação das Nagah e de Draco estejam resolvidas e até que encontremos o assassino de meu pai... Eu não cortejarei, nem confirmarei votos de casamento... Porém em respeito à tradição, eu me manterei afastado de Priya... Só não confunda isso com uma permissão para coloca-la sob custódia, ela deverá ter direito a liberdade e confiança, assim como darei a você.

Todos ficaram estarrecidos com o que Onuris falava, até que Zuri tocou seu ombro e fez reverência ao novo rei de Wakanda. -Inkosi yami. (meu rei) -Diria ele e nisso as outras três também diriam e o reverenciariam. -Você botou na cabeça que é custódia... -Disse sorrindo amarelo suspirando ao desistir de tentar levá-la pra qualquer coisa. -Como se não quisesse... -Murmurou Priya. -Bem, agora é rezar pra que esteja tudo certo com as gravações de câmeras. -Disse olhando pra Shuri que confirmava com a cabeça. -Então vamos lá, já resolvemos um impasse. -Diria ela indo na direção da saída do templo. Conforme eles saíssem, veriam várias pessoas nos corredores de joelhos, e assim que Onuris apareceu, todas colocaram suas cabeças no chão e falaram em coro "Inkosi yami". Não teriam dificuldades pra passar pelo corredor, havia um espaço no meio das duas fileiras de pessoas. Não demorariam muito pra chegar no laboratório da irmã, e lá, com computadores de alta tecnologia, ela os prepararia para hackear o sistema das câmeras. -Ok, quais câmeras devo pegar informações? -Perguntaria ela e Naomi se aproximaria. -A54, D75, L30, ML150. -Diria ela os códigos das câmeras e rapidamente elas apareceriam em tempo real pra verem o que estavam pegando. Em uma delas apareceria a porta do quarto do pai de Onuris, em outra a entrada do castelo, templo (sendo 4 câmeras), sala de reunião dos líderes. -Agora terá que voltar pra gravação de pelo menos dois dias antes das Nagah's sumirem... Foi no dia 20. -Diria ela se aproximando da tela e vendo as gravações voltarem rapidamente.

Teste de sorte das câmeras (para próximo post meu):

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1 , 8 , 1 , 2

Demorariam por volta de 4 horas pra verem tudo com bastante atenção, e quando chegaram na ultima câmera e que parecia menos importante, viram algo parado na porta do castelo. Estava vestindo um manto negro, uma armadura também negra por baixo e uma máscara que parecia ser uma mistura de pássaro com demônio. Ele não moveu um músculo por alguns bons minutos, e ninguém parecia percebê-lo também. -Como não viram essa gravação? -Perguntaria Shuri estarrecida. -Presta atenção. -Disse Naomi apontando pra um brilho leve que o aparelho de Shuri fazia. -Certamente seu aparelho é mais potente e conseguiu captá-lo. -Comentou e nesse momento ele olha pra câmera, retira a máscara e vários riscos surgem no monitor, como uma interferência poderosa, mas conseguiriam ver um sorriso brotar os lábios dele e mover os lábios falando algo inaudível.

Após ele falar algo, sumiu tão rápido que nem vulto apareceria em câmera lenta pra saber em que direção foi. -Então pegamos o infeliz! -Disse Naomi batendo a mão na mesa animada. Onuris ficaria com a impressão como se aquele homem soubesse que eles veriam a gravação, mas não saberia o que ele era. Shuri estava pasma com o que viu e Priya pensativa. -O que fará agora? -Perguntou a cobra esperando saber o que fariam dali em diante.

Teste de Leitura labial (próximo post meu)

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