Capítulo 3: Verdades Ocultas?

Por sorte Atsushi parecia me ouvir, se contendo e seguindo minha ideia de olhar nas caixas. Não era atoa que teriam caixas ali né? E de fato eu estava certo. Assim que abri uma haviam armas! Atsushi me seguiu e abriu outras caixas, achando drogas, cigarros e bebidas. -Que coisa... -Murmurei ainda surpreso com o que achamos. Atsushi pareceu ter uma ideia, vasculhando suas vestes e achando seu celular. Tirou fotos das caixas e envio pra alguém, junto com a localização. -Você até que é bem esperto. -Comentei sorrindo brincalhão enquanto o olhava, mas surpreendentemente não era só aquilo, ele teve mais ideias, encontrando uma bomba de gás e falando do mata-lobos. -Sugee... Espero ser sempre seu amigo hahaha... -Murmurei ao notar tamanha ideia a dele, mas parei ao ouvir a voz de Yukimura. Não ele não pode sair! -Hai. -Diria pra Atsushi antes dele sair pela janela. Misturei o mata-lobos na bomba e esperei o momento em que Yukimura saísse pela porta e a fechasse pra mirar a bomba nos pés daqueles lobos nojentos. Além disso, olharia a procura de uma rota de fuga antes de lançar a bomba, pra que pudesse sair daquela espelunca rápido com Himiko. Aproveitaria que estava sozinho e pegaria uma das armas de fogo junto com algumas balas (caso tivesse), poderia ser útil e guardaria. Assim que ele saísse e fechasse a porta, miraria a bomba no pé dos lobos e a lançaria. Assim que explodisse, saltaria na direção de Himiko e a pegaria no colo. -Sou eu... -Murmuraria só pra acalmá-la e ela não gritar pra nos dedurar. Correria pela rota de fuga mais próxima, sem ser a porta principal, mesmo que precisasse subir e sair pela janela que entramos.

Eu achava que Atsushi fosse conversar com Yukimura, mas o que ele fez me fez ficar boquiaberto ao ver o lobo voar pra dentro de novo, e a porta ser trancada. Lancei a bomba no momento que eles iria começar uma investida, e assim que ela explodiu, saltei pra pegar Himiko. Eles realmente não viam mais nada e além disso tossiam como se estivessem sufocando. Peguei Himiko no ombro, ela estava vermelha e chorava, certamente assustada com aqueles idiotas. Fui com Atsushi pra fora por uma janela quebrada e lá já havia um carro nos esperando. -Vamos. -Afirmei indo também para a camionete e lá tiraria a estaca de Himiko a colocando no estufado acima do encosto do sofá de trás do carro e a sentei, me sentando ao seu lado. -Baka... -Disse a puxando pra um abraço e nesse momento iria ver quem estava conosco além de Atsushi. -Obrigado Atsushi-san... Sem sua ajuda eu não teria conseguido achá-la. -Disse sério colocando a mão na cabeça dela e a abaixando junto com a sua, em agradecimento. -Espero que eles tenham o que merecem. -Disse com raiva deles, do que pensavam em fazer com ela, e principalmente de um deles ser o atual pretendente de Misaki.

Só tinha nós no carro, e assim que agradeci Atsushi obriguei ela a agradecê-lo também, ela voltou reclamona como antes, como se sua coragem tivesse voltado. Ela começou a discutir com ele, só fechei meus olhos, me irritando a cada fala dela, era isso mesmo que ela pensava? Abri os olhos rapidamente quando senti que ela iria pegar a arma e apliquei uma torção em seu pulso pra imobilizá-la. Ela suava, algo que ainda não tinha visto... -Damare baka! -Falei irritado olhando pra ela. -Temos regras sim, e são muito rígidas! Você se quer lembrou de cicatrizar os ferimentos do pescoço daquelas vítimas que você matou lá! Além disso, matou ao se alimentar mesmo sem estar com fome e chegou a matar muitos inocentes por puro prazer! Está louca??! -Falei irritado com ela, ainda a segurando. -Você vai comigo até nossa Sire, vai falar tudo o que fez naquele hotel e ela vai decidir o que fará com você... Por que fez tudo aquilo? Foi tudo por ciúmes? -Perguntei mais calmo, até com pesar na voz pelo que poderia acontecer com ela. -Que droga Himiko! Ela tinha voltado atrás no seu castigo... Tinha dito pra que eu retirasse a cinta de você assim que a encontrasse, e você apronta uma dessa... Não é porquê nos alimentamos dos humanos que precisamos matar e torturar eles... Dá pra ser de um jeito melhor pra ambos. -Comentei respirando fundo mesmo sem precisar. -Atsushi-kun pois em risco a cara dele pra me ajudar a te achar, preferia ter morrido pros lobos? E além de você, eu e ele podíamos ter morrido lá tentando te salvar. -Disse, ainda segurava o pulso dela, porém sem torcer, mas firme pra que não pensasse em fugir. -Nossa Sire segue as regras da máscara. Eu mesmo não sei quantas regras são, mas assim que acordei já me ditaram as principais... -Olhei pra Himiko. -Eu quase morri por causa de uma dessas regras da Camarilla, só por ter sido abraçado sem permissão, o que acha disso? -Perguntei a ela pra que ficasse ligada naquilo. -Não sei o que farão com os corpos daqueles coitados, mas preciso falar logo com nossa Sire pra ela providenciar o que tiver que ser feito. Pode nos deixar à algumas quadras de distância depois daquele hotel que ela atacou. Onde estamos está bem protegido, acho que seria ruim se te vissem, né? -Perguntei, já deixando claro onde poderíamos descer.

Suspirei com o que Himiko falava, ainda daquilo de filho e blablabla... -Você acha mesmo que me importo com esse treco de filho e ciumes? Não serei o único, Saya é nossa irmã mais velha. -Revelei pra ela, já que parecia não saber. -Você aprontou, duvido que não saiba do básico, se você estava com o mesmo instrutor que tive quando saí do julgamento da Camarilla ocidental. -Suspirei de novo. -O certo é falar pra ela... Se não falarmos, uma hora ela vai descobrir e será pior, ou outro irá e te caçará. Acha que o que? Eu vou ficar te protegendo toda hora por causa de suas maluquices? -Olhei pra Atsushi. -É, to sabendo de algumas dessas mudanças... -Confirmei sua informação sem dar detalhes, afinal foi isso aquela reunião com o clã Kurogane não? Voltei a olhar pra Atsushi enquanto ele falava dos metamorfos, então eles também estavam sofrendo de mudanças? -Existem duas Camarillas atualmente aqui no Japão... A ocidental que veio do estrangeiro e a oriental, que já tomava conta daqui... O que acontece é que essa Camarilla ocidental não foi cortês, veio impondo e mandando. O nosso clã não está aliado a essa Camarilla ocidental e por enquanto nem com a Oriental, mas seguimos as regras da Máscara e não somos inimigos da Oriental... -Diria tentando explicar pra Himiko e pra Atsushi o porquê daquela confusão toda deles. Voltei a olhar pra Himiko. -Se você tivesse vindo conosco e nossa Sire ao invés de ter agido como uma criança ciumenta, estaria sabendo do que estou falando agora e não teria quebrado regras importantes e que agora podem dificultar algumas coisas que estão sendo tratadas... -Disse sério. -Se você quer ser a favorita, não deveria agir rebeldemente, Hime-chan... -Terminei sorrindo de leve esperando que chegassem logo lá antes que aqueles lobos conseguissem segui-los, caso o plano tivesse falhado. -Você sabe se os policiais chegaram a tempo lá? -Perguntei pra Atsushi, claramente aquilo me perturbava ainda.

Ouvi o que ambos tinham pra falar, mas permaneci quieto com meus pensamentos até que chegamos naquele hotel e lá a polícia já tomava conta do lugar. Atsushi pegou um desvio e nos deixou mais próximo que podia do hotel onde estávamos ficando. -Obrigado. Sobre aquilo... -Me referia a Misaki. -Como fará? -Perguntei esperando uma resposta antes de sair do carro e trazer comigo Himiko. Assim que Atsushi fosse embora, me viraria pra Himiko e suspiraria. -E você acha que se eu te deixar ir, vai sobreviver? Aqueles lobos estão te caçando, provavelmente outros vão te caçar. Você não sabe lutar... Acha que eles vão te matar sem te torturar antes? Aqueles lobos... Você sabe o que eles planejavam fazer enquanto te matavam. Eu não acho que Saori vá te matar... -Deu uma pausa. -Saya também está atrás de você... Eu não posso chegar lá de mãos vazias Himiko. Já dei meu pescoço te salvando dos lobos, porque eu acho justo Saori te julgar, não eles. O que eu posso fazer por você mais uma vez é implorar a ela que não te mate e que te dê mais uma chance. Você está com problemas pra controlar a sede de sangue e a besta, tem que haver algum jeito de controlar e não vai ser você solta por aí. Pra matar mais gente inocente como aqueles do hotel... Então... Vamos. -Era minha opinião, deixar ela solta só vai fazer mais uma trilha de cadáveres desnecessária. Dito isso a levaria comigo de volta para o hotel de Saori. Podia ser minha teimosia falando mais alto, mas qualquer forma que eu pensava de deixá-la ir tinha morte de muitos inclusa.

Ela não gostava do que eu lhe falava, pela careta que fazia, mas também não reclamou mais e nem tento fugir. Parecia ter entendido enfim. Antes que chegassemos de fato no hotel, um ninja veio nos buscar assim que cruzamos duas quadras. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa outros dois ninjas surgiram atrás de nós e rapidamente já estávamos numa sala com uma grande mesa e cadeiras de mesmo tom, só que de metal. -Saori-san... -Murmurei enquanto percebia o quanto diferente ela estava, seus olhos vermelhos e sua pele mais pálida. O que havia acontecido com ela? Ela estava realmente com muita raiva do que Himiko aprontou, e eu não conseguia falar nada, com medo dela. Himiko a respondeu daquela forma de sempre, sempre se achando a certa, e revirei os olhos... Ela realmente não tinha jeito? Ela devia implorar por piedade, mas ao invés disso ela batia de frente com nossa Sire... Isso não acabaria bem. Assim que Saori deu a sentença a ela arregalei os olhos e a olhei por breves segundos antes dela sumir sendo levada por um dos ninjas, me olhando com ódio e desespero. -Saori-san... Eu sei que o que ela fez foi... Errado por muitos ângulos e imperdoável, mas... -Dei uma breve pausa. -Não tem outro jeito? Ela estava tomada pela besta quando a encontrei. Não existe uma maneira de controlar a besta dela e trocar a pena de morte por um castigo? -Perguntei ainda com receio pela situação delicada que se encontrava no momento. Não era pra sentir que havia falhado com Himiko, era? Então por que tinha aquela sensação? Seu olhar de ódio e pavor pra mim havia sido marcante e o pior, não era o primeiro olhar de ódio que eu recebia nesses dois dias. A noite tinha sido longa, e passar tudo aquilo pra no final morrer na margem era frustante. Certamente não era algo ótimo ficar de castigo, mas não morrer talvez fosse melhor, não?

Saori me respondia agora aparentemente mais calma, chegando perto de mim e me abraçando. Falando sobre a Besta, como vencê-la e o que fazer pra isso, sendo uma escolha de cada um e não algo que podemos obrigar. Além disso ela esclareceu que além de humanos, Himiko havia matado também familiares de metamorfos. -Familiares? -Perguntei um pouco perdido com aquela informação. -Seriam como os servos humanos nossos? -Perguntei em seguida só pra confirmar meu raciocínio perante aquilo. Ela fazia cafuné em minha cabeça, me abraçando mais forte, porém de forma carinhosa, o que acabou fazendo seus seios se tornarem travesseiros bem sensuais e seu perfume de cereja tomar conta do meu nariz. Ela dizia sobre Himiko, o que faltava a garota entender e que de certa forma eu havia dito a ela em nossa discussão. Ela me deixava cada vez mais colado nela, de forma firme, mas ainda alisando meus cabelos. -Sim, eu também penso assim. -Falei concordando com aquele fato, mas certamente eu estava vermelho com tal aproximação e sentia certo formigamento nas partes baixas. -Hum... Foi complicado trazer ela. Um pouco depois que cheguei no hotel da matança, um garoto chegou também. A princípio eu não sabia o que ele era, mas depois descobri que era um lobo... Yukimura. Ele tentou matar ela, Atsushi entrou na nossa luta depois. Outro lobo sequestrou ela e Yukimura fugiu. Fiz Atsushi desmaiar e fui atrás até um armazém abandonado. Lá tinha mais sete lobos, fiquei escondido entre algumas caixas e acabei encontrando bombas de gás lacrimogênio e misturei com outras coisas que encontrei pra amplificar seu efeito. Foi assim que consegui tirar Himiko deles e trazê-la como pediu. -Expliquei tudo o que houve resumidamente e deixando Atsushi de lado, como ela havia pedido, tentava ignorar aquela sensação comentando sobre como foi aquela missão tensa.

-Não foi bem enfrentou, eu só lancei uma bomba neles... Mas quando eu estava sozinho contra o tal Yukimura, estava dando conta dele. Esse grupo estava parecendo mais... Uma gangue da Yakuza. -Comentei não entendendo a surpresa dela. -Ee? 110 Milhões? -Falei imaginando que aquele seria bem o jeito dele, explosivo matando qualquer um de nós. Ela voltava a sorrir de forma perversa, chegando a rir levemente. Sorri de leve sem saber ao certo o que eu tinha feito, mas ela havia gostado pelo visto, e se aproximava de mim de forma rebolativa embora eu me sentisse um pouco desconfortável com aquele sorriso dela. -Quais possibilidades? -Perguntei curioso com tal coisa, queria entender melhor o que ela pensava.